22.7.09

Fragmentos

"Pra onde vão os trens meu pai?
Para Mahal, Tamí, para Camirí,
espaços no mapa, e depois o pai ria:
também pra lugar algum meu filho,
tu podes ir e ainda que se move o trem
tu não te moves de ti."

Hilda Hilst

Fudeuses

Pecadores - corruptos ou aliciados - comei mais do mesmo. Sirvam-se de nosso prato erótico repleto de fetos e merda. Pois o que é o Pecado sem o prazer do Exagero? Participemos juntos do festim de horrores.


Ali, ela, louca, fez-se tua escrava um dia. Aqui, hoje, lúcida, corrompem e abusam-na. Deleite-se também. Teu preço foi pouco pelo ato. Prazer, de fato, tem gostos mais caros.


Ah! Pobres crianças, tenho compaixão por vossas tristezas. Ninguém saberá do homem a abusar-te o corpo; o dedo, sujo, a forçar tuas entradas. O sorriso de antes, aos poucos, perdido. Teus medos me amedrontam tambem, menina.


Em seu ato de bravura, que o caminhante cego acorde teus vizinhos. Gritaríamos juntos, na pavorosa noite, os mortos e os vivos. Quisera perguntar dos tormento que assombram-te n'alma?: - Amigo, como podes temer os planos daquilo que não vês?


Pois só os deuses vêem tudo.